quarta-feira, 3 de março de 2010

O ARTIGO ABAIXO É MUITO INTERESSANTE. CONCORDO COM O ESCRITOR QUANDO DIZ QUE "HOUVE APENAS UMA FALHA HUMANA" E TAMBÉM QUANDO MENCIONA "INFRATORES COSTUMAM SER MUITO HABILIDOSOS EM SE DEFENDER"..... É... O JEITO É NÃO ENTRARMOS EM "BOLÃO" (POR CONTA DA DESCONFIANÇA DAS CASAS LOTÉRICAS) E TENTARMOS ACREDITAR UM POUCO NAS PESSOAS ENVOLVIDAS. E NUCA DEVEMOS NOS ESQUECER: JOGO É JOGO!!! TUDO UMA QUESTÃO DE SORTE!!!!!!!!!!!!!!!

By Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues


Poucos não souberam, no Brasil, o que aconteceu em uma casa lotérica na cidade de Novo Hamburgo-RS, no dia 20-2-10. O prêmio máximo da Mega-Sena era de 53 milhões de reais. Os quarenta “felizes” sorteados no “bolão” — organizado, particularmente, pela casa lotérica, sem responsabilidade da Caixa Econômica Federal — passaram, em poucas horas, da imensa euforia à “cava depressão”, como diria Nelson Rodrigues, ao saber que tais apostas não tinham sido registradas na entidade oficial. Em suma, como não houve aposta, os “azarados-felizardos” não têm direito a um só centavo, restando-lhes apenas processar civilmente a casa lotérica, ou pedir ao Ministério Público que processe criminalmente, por estelionato, as pessoas da lotérica, se constatada a má-fé.

Obviamente, não é consolo, para os frustrados apostadores, o mero “direito” de processar civilmente a casa lotérica. A demanda será longa, com longo arsenal de recursos disponíveis para ambas as partes e se, finalmente, como é provável, for reconhecida a responsabilidade cível da casa lotérica (o patrão responde pelos prejuízos causados pelo empregado) o dono da empresa certamente não terá um patrimônio em condições de indenizar os prejudicados.

Pelo vídeo da câmara de segurança existente na loja, com imagem transmitida nos canais de televisão, a impressão que se tem é de que houve apenas uma falha humana. A funcionária esqueceu de registrar a aposta dos referidos “bolões”. No entanto, a polícia, até mesmo por dever de ofício, não pretende se contentar com a filmagem porque, em tese — apenas em tese —, infratores costumam ser muito habilidosos em se defender. E quanto maior o valor econômico em jogo, maior o talento dramático para encobrir faltas. Mas, no caso em exame, como já disse, os discretos — e por isso mesmo convincentes — gestos da funcionária ao perceber a própria falha, não me parecem uma representação teatral. Tudo indica que houve mesmo um esquecimento. E falhas humanas ocorrem em todas as atividades, sem exceção.

Como o prêmio não saiu para ninguém, muito menos para a casa lotérica, o interesse da polícia é saber se a loja era useira e vezeira em recolher o dinheiro dos apostadores (em “bolões”), deixando de registrar tais apostas, confiante na raridade de se ganhar o primeiro prêmio na Mega-Sena. Não é impossível que algumas casas lotéricas, vez por outra, em situação de aperto financeiro do dono, deixem de registrar tais apostas, arriscando na quase certeza de que os apostadores do “bolão” não vão ganhar o prêmio máximo.

Lê-se, na mídia, que os revoltados “ganhadores” estudam processar a Caixa Econômica Federal porque ela, sabedora dessa prática, muito comum, nada fez para proibi-la. De um ponto de vista legal, essa pretensão não teria a menor possibilidade de êxito na justiça, se aplicada sem demagogia. Se os clientes das casas lotéricas nelas confiam, a Caixa não pode impedir essa confiança, assim como não pode impedir que apostadores particulares combinem fazer “bolões” particulares, entre amigos e parentes, prática também usual. Se o portador, particular, do comprovante da aposta eventualmente recebe o dinheiro e desaparece, lesando os amigos, a Caixa não tem nada com isso. É um caso de polícia, mas sem responsabilidade da instituição financeira oficial.

O mesmo ocorre com os “bolões” das casas lotéricas. E, no caso concreto do Rio Grande do Sul, já ouvi, na televisão, alguns apostadores habituais, ainda não lesados, afirmando que é gosto e direito deles jogar em “bolões”, tendo em vista a maior chance de “ganhar alguma coisa”. São contrários à proibição dessa prática. No entanto, é elogiável a preocupação da Caixa no sentido de desestimular esse “jeitinho” brasileiro do apostador “ganhar pelo menos uma fatia”. Desconheço se já ocorreu, no Brasil, a hipótese do dono da casa lotérica fugir do país, com o prêmio máximo de uma Mega-Sena, obtido via “bolão”. Isso, no entanto, não é impossível de ocorrer, tendo em vista a força magnética do dinheiro, capaz de causar curtos-circuitos na sistema elétrico cerebral, travando qualquer conselho do super-ego, no caso muito mais ego do que super.

Tempos atrás, a imprensa relatou — poucos leram isso — o que ocorreu nos bastidores do “jogo do bicho”. Uma determinada mulher começou a ganhar, com freqüência impressionante, o primeiro prêmio, religiosamente pago, como é usual nesse tipo de jogo que subsiste apenas baseado na confiança. A “cúpula” da contravenção, desconfiada da milagrosa felicidade no jogo, encarregou alguém de investigar a vida da “sortuda”. Descobriu que era amante de um “executivo” da contravenção, justamente o cidadão responsável pelo sorteio das apostas. Aprofundando as investigações — talvez usando métodos persuasivos não previstos em lei — foi descoberto o segredo de tanta “coincidência”: determinadas bolinhas numeradas eram colocadas no refrigerador e, depois de bem geladas, colocadas, disfarçadamente, em um saco escuro, misturadas com as outras bolinhas de temperatura ambiente. A pessoa, cúmplice no esquema, encarregada de “pescar”, “ao acaso”, o número vencedor, selecionava, pelo tato, as peças geladas que comporiam o cobiçado prêmio. Isso explicava a “sorte imensa” daquela mulher, amante do “espertinho” que vinha lesando seus companheiros de contravenção. Houve uma “convenção” dos “cardiais” para decidir a sorte do “malandro” e o veredicto foi de pena de morte, com utilização de um pistoleiro. Como, entretanto, o “réu” era parente de um dos membros da cúpula, esse parente cobriu o prejuízo. A pena de morte foi transformada em “degredo”, isto é, em expulsão da atividade, com devolução do que ainda estava em seu poder.

Essa notícia puxa outra lembrança; no caso, mera suspeita, mas que mereceria ser investigada, pela verossimilhança dos argumentos e probabilidade estatística de uma fraude capaz de derrubar governos, se constatada sua realidade.

Alguns poucos anos atrás, no jornal “O Estado de S. Paulo”, um leitor, engenheiro, A. F. Guimarães (talvez ele prefira não ver mencionado seu nome por inteiro), na seção de cartas, externou sua suspeita quanto à lisura no sorteio dos prêmios da Mega-Sena. Informou que o prêmio se acumulava e depois saía com, invulgar freqüência, para apostadores situados em perdidos rincões no nordeste e norte do país, afrontando todas as leis da probabilidade. Salientou que era raríssimo o prêmio sair para São Paulo e Rio, como seria o mais provável, considerando que nestas cidades é enorme a quantidade de apostas. Lendo e pensando no que ele dissera, até escrevi, na época, um artigo, que pouquíssimos leram, sugerindo que o assunto fosse examinado pela polícia e Ministério Público. Não sei se os argumentos do referido engenheiro estão corretos porque jamais me interessei por saber quais as cidades beneficiadas pela grande sorte.

Penso que, aproveitando a repercussão do caso do “bolão”, seria oportuno que a Polícia Federal, hoje mais auto-confiante, prestigiada e bem remunerada, examinasse o assunto da eventual fraude na Mega Sena, de alguns anos para cá. Até mesmo para tranqüilizar aqueles que nela apostam mas sem total certeza de que não está sendo iludidos, juntamente com milhões de brasileiros. Com alguns bons matemáticos, conhecedores do cálculo de probabilidades, seriam examinados os resultados dos últimos dois ou três anos de premiação. Se constatada a estranhável preferência da sorte, beneficiando exageradamente pequenas cidades, essa bofetada na lógica dos números aconselharia a investigação do percurso do dinheiro posto nas mãos dos ganhadores, talvez meros “laranjas”.

Voltando ao assunto da funcionária que esqueceu de registrar as apostas no “bolão”, cito um precedente assemelhado que ocorreu quando existia apenas a Loteria Esportiva. Quem me contou foi o advogado do apreensivo dono de uma casa lotérica situada no ABC paulista. Naquela época, as apostas na Loteria Esportiva só podiam ser feitas na Capital do Estado. Apostadores do interior, faziam suas previsões de resultado e as entregavam, em confiança, às casas lotéricas de suas cidades. Os donos de tais estabelecimentos deveriam encaminhar os palpites e registrá-los na Caixa, em São Paulo, até, no máximo, as sextas-feiras. Ocorre que, passado o prazo, o dono da lotérica, ao abrir uma gaveta, que supunha vazia, verificou que a mesma estava repleta de apostas. Falha de um funcionário. O que fazer? Apavorado, procurou o advogado. Este lhe explicou que a melhor solução seria levar à Delegacia de Polícia, imediatamente, antes dos jogos, as apostas e o dinheiro correspondente, comprovando que não houvera má-fé. Com isso, livrava o cliente de qualquer acusação criminal. “E quanto à parte cível” — perguntou o cliente —, “a indenização que terei de pagar aos apostadores, caso tenham acertado?”. A resposta foi, aproximadamente, a de que só lhe restaria rezar bastante para escapar da imensa indenização. E, de fato, nenhum dos apostadores acertou.

Pensei, à época, em escrever um conto que mereceria o título de “Guerra de Rezas”. De um lado, o dono da lotérica, ajoelhado, aflito, olhando para um céu imaginário e pedindo fervorosamente que todos os apostadores esquecidos na gaveta não acertassem nos resultados. De outro lado seria fácil imaginar vários apostadores rezando em sentido contrário

Certamente o incidente contribuiu muito para fortalecer a fé do dono da lotérica. Sem diminuição da fé dos esquecidos na gaveta, que sabem que jogo é jogo e Deus não chuta seus desígnios.

(27-2-10)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Assédio Moral no Trabalho

I. - Assédio Moral – histórico e as diversas denominações


O assédio moral existe desde os primórdios da vida familiar e social. Isso é fato! Trata-se, como dizem muitos, de um terror psicológico, onde a pessoa pode adoecer física e mentalmente, chegando, algumas vezes, até a morte. Mesmo sendo tudo isso uma verdade, toda a humanidade sempre conviveu silenciosamente com esse fenômeno, e, por incrível que pareça, foi pouco discutido na antigüidade, até mesmo esquecido, impressionando por ser tão destruidor das relações sociais, principalmente no ambiente de trabalho, cujo teor será mostrado nesta obra.

O assédio moral é conhecido em todos os campos – familiar, escolar, entre amigos, colegas, em relacionamentos, enfim, sem exceção – e em todos os povos, obviamente cada qual com seus próprios juízos de valores (que deverá ser levado muitíssimo em consideração). Sua denominação varia de acordo com cada país, por exemplo: na Itália, Alemanha e países escandinavos, esse fenômeno é conhecido como “mobbing”; na Inglaterra e Estados Unidos, como “bullying”; nos países de língua espanhola é conhecido como “acoso moral ou psicológico”. Já para a língua portuguesa é o famoso assédio moral.

No ambiente de trabalho, tal fenômeno foi definido como a pior forma de estresse social, sendo que somente nos últimos 10 (dez) anos do século XX é que foi considerado como destruidor do ambiente de trabalho.

No início de 1984, Heinz Leymann publica o resultado de uma longa pesquisa pelo National Board of Occupational Safety and Health , in Stokolm, onde ficam caracterizadas as conseqüências do mobbing, sobretudo na esfera neuropsíquica, sobre a pessoa que é exposta a um comportamento humilhante no trabalho durante certo período de tempo, não importando se é por parte de colegas ou se é por parte dos superiores. Esse estudo teve maior destaque na Suécia, onde Leymann morou em meados dos anos cinqüenta, e evidencia que em um ano 3,5% dos trabalhadores, de uma população economicamente ativa de 4,4 milhões de pessoas sofreram perseguição moral por um período superior a 15 (quinze) meses. Só que àquela época para ser caracterizado o mobbing (ou assédio moral), era necessário que as humilhações se repetissem pelo menos uma vez na semana e tivessem a duração mínima de 06 (seis) meses. Isso foi chamado de psicoterror.

Leymann realmente foi o precursor do estudo sobre o assédio moral. Seus estudos não só se difundiram largamente na Europa, como também resultaram, sobretudo na Alemanha, na adoção de medidas de atendimento médico específico para as vítimas, tornando o sofrimento destas e os aspectos envolventes do fenômeno disciplina de estudo de nível universitário, como parte da cadeira de Psicologia do Trabalho. Na França, a Vitimologia existe desde 1994 e dá direito a diploma universitário (bem recente, diga-se de passagem!). Essa ciência tem como objetivo analisar as razões que levam um indivíduo a tornar-se vítima, os processos de vitimação, as conseqüências a que induzem e os direitos que podem pretender. Nos Estados Unidos, a Vitimologia, que, inicialmente era um ramo da Criminologia, hoje, é uma disciplina independente.

Mister se faz saber que foi a partir da difusão dos estudos de Leymann que começaram a aparecer as primeiras estatísticas sobre a violência psicológica no trabalho na Europa. Pesquisa realizada em 1998 demonstra que pelo menos 8,1% dos trabalhadores europeus empregados sofrem, no ambiente de trabalho, violência psicológica de vários tipos. Há aqui um destaque para a Grã-Bretanha, com 16,3% dos trabalhadores violentados psicologicamente. Em seguida, vem a Suécia, com 10,2%. A França com 9,9% e a Alemanha com 7,3%. Já a Itália contou apenas com 4,4%. Alguns acham que o fenômeno poderia estar mascarado em face de aspectos culturais. Os povos de origem latina, não se sabe o porquê, tendem a um maior conformismo diante da violência. Na Europa 12 (doze) milhões de indivíduos sofrem de assédio moral. A Resolução A-50283/2001 do Parlamento Europeu, aprovada em 20 de setembro de 2001, afirma que presumivelmente estes dados estejam subestimados.
Dialogue and terrorism ( by Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues)
15/03/2008

Today, as I was reading the text of a Jane Kinninmont interview with Moazzam Begg on the website www.opendemocracy.net, I felt myself tentatively returning once again to a topic already discussed in some of my modest articles.Moazzam Begg is a British Muslim who, after being detained in Pakistan, was imprisoned for three years in Guantánamo under the vague suspicion of being a member of al-Qaida, although no proof of this has ever been found. The British government insisted and managed to obtain his freedom. Following release, he wrote a book in which he recounts his experience and puts forward a personal view of the fight against terrorism. Hence the interest of the journalist in interviewing him.One particular point in the interview that drew my attention was his opinion that, even with terrorists, there should be dialogue. This opinion has been opposed by the American and British authorities, who cannot consider lowering themselves to the point of exchanging ideas with “vile and pitiless killers” or others of the same genre.Nevertheless, Moazzam Begg is right, although it is necessary to have a lot of guts in order to enter into dialogue with an individual who has ordered the killing of dozens of innocent people, given that terrorism is characterized by the exercise of indiscriminate violence, making victims not only of soldiers, but also women, children and the elderly.Why enter into dialogue with fanatical terrorists? Precisely because at least we will get to know the root cause of such hatred “at source”, without any personal distortions on the part of the intelligence services. Once known, perhaps something can be done to eradicate it. Without roots, the tree dies. This is a more direct method of getting to know the deep motivation that activates the arsenal of dynamite. It is possible that, listening to their complaints, we are able to agree with certain demands, even though we repudiate the methods used. And listening, without interruptions, to the complaints of terrorists, it would be difficult for them not to listen to what we have to say.In those cases where terrorism is strictly criminal in nature, interested in money, it is still possible to understand total refusal to enter into dialogue. However, it is not pure and simple gangsterism that has held the world in suspense. Gangsters do not blow themselves up. “Here one is dealing with “business”, let’s not exaggerate ...”Those who are more skeptical will say that most terrorist hatred is the result of deep-seated ignorance and fanaticism, against which little can be done, except repression. However, this is a mistaken view, because ignorance – any kind of ignorance – can be broken down or diminished with certain information and arguments (when impossible to deny), if presented in such a way that neither offends the sensibility of the listener, nor (a necessary precaution...) places the personal subsistence of religious leaders at total risk (I hope to be mistakenly cynical in saying this). Logical and perceptive reflection, on our part, regarding the opposing viewpoint may exert an influence on the most radical facet of “doctrine”, thus reducing its hostility. If it were always the case that ignorance is invincible, all schools attended by adults would close, their efforts being to no avail. It should not be forgotten that there are enormous differences in understanding the same religion between a semi-illiterate peasant and a theologian. Once he is duly convinced, his flock will follow him.Given that religions have the political influence that they have (for better or worse) throughout the world, I do not understand why the issue in question has been considered as almost “taboo” by the press. Respect for veneration and the personal intimate relationship between the believer and his or her God - a deservedly untouchable area, is one thing. Quite another is hostility assuming a very concrete form and being consequently of concern to humanity in general. If all forms of “energy” (and religion is one of the most potent) could be examined without fear of a bomb exploding in the hands of the examiner, why should the most influential belief systems, which are capable of driving the world towards war or peace, be exempt from such examination?It was recently reported in the press that an Afghan Muslim was sentenced to death, at a Muslim court, because he converted to Christianity. Through his association with a group of Westerners, on a humanitarian mission in the country, he ended up being convinced of the superiority (from his viewpoint) of the Christian faith, and changed religion, this being considered a crime according to Taliban legislation. Refusing to renounce his new faith, he would have to die. He only escaped the death penalty as international pressure, principally on the part of the United States, was immense. The conversion of this Afghan is proof that all religious convictions can be profoundly shaken or modified by discussion, knowledge and, principally, by example.I have absolutely nothing against any religion. I do not even have anything against certain kinds of fanaticism, as long as they are limited to the individual’s intimate personal relationship with his or her God. If a believer finds fulfillment in flagellating himself until blood is drawn, that’s entirely his own business. However, when he starts to whip his neighbors, the international community can and should intervene, as its mission is that of safeguarding the wellbeing of everyone – not the individual wielding the whip. Nevertheless, intervention should come about in an intelligent manner, through representatives specializing in the religion in question, not bureaucrats or the military. Such specialists would try to show the radicals that their interpretation is perhaps not compatible with the original intentions of the founders of their beliefs.
MOBBING ou ASSÉDIO MORAL


O assédio moral no trabalho, também conhecido pelo nome de mobbing e terror psicológico no âmbito laboral ocorre com frequentemente, porém as vítimas ainda relutam em denunciar seus agressores. Muitas vezes nem mesmo sabem que estão sendo assediadas moralmente.

"Mobbing, assédio moral ou terror psicológico no trabalho são sinônimos destinados a definir a violência pessoal, moral e psicológica, vertical, horizontal ou ascendente no ambiente de trabalho. O termo mobbing foi empregado pela primeira vez pelo etiologista Heinz Lorenz, ao definir o comportamento de certos animais que, circundando ameaçadoramente outro membro do grupo, provocam sua fuga por medo de um ataque.

No mundo do trabalho, o assédio moral ou mobbing pode ser de natureza vertical - a violência parte do chefe ou superior hierárquico; horizontal - a violência é praticada por um ou vários colegas de mesmo nível hierárquico; ou ascendente - a violência é praticada pelo grupo de empregados ou funcionários contra um chefe, gerente ou supervisor hierárquico. O terror psicológico no trabalho tem origens psicológicas e sociais . Sabe-se, todavia, que, na raiz dessa violência no trabalho, existe um conflito mal resolvido ou a incapacidade da direção da empresa de administrar o conflito e gerir adequadamente o poder disciplinar. Por isso mesmo não se pode mitigar a responsabilidade dos dirigentes das organizações no exercício do poder diretivo. Tanto a administração rigidamente hierarquizada, dominada pelo medo e pelo silêncio, quanto a administração frouxa, onde reina a total insensibilidade para com os valores éticos, permitem o desenvolvimento de comportamentos psicologicamente doentes.

A vítima do assédio moral ou terror psicológico é violentada no conjunto de direitos que compõem a personalidade. São os direitos fundamentais, apreciados sob o ângulo das relações entre os particulares, aviltados, achincalhados, desrespeitados no nível mais profundo. O mais terrível é que essa violência se desenrola sorrateiramente, silenciosamente - a vítima é uma caixa de ressonância das piores agressões e, por não acreditar que tudo aquilo é contra ela, por não saber como reagir diante de tamanha violência, por não encontrar apoio junto aos colegas nem na direção da empresa, por medo de perder o emprego e, finalmente, porque se considera culpada de toda a situação, dificilmente consegue escapar das garras do perverso com equilíbrio emocional e psíquico para enfrentar a situação e se defender do terrorismo ao qual foi condenada.

No mobbing, o agressor pode utilizar-se de gestos obscenos, palavras de baixo calão para agredir a vítima, detratando sua auto-estima e identidade sexual; mas diferentemente do assédio sexual, cujo objetivo é dominar sexualmente a vítima, o assédio moral é uma ação estrategicamente desenvolvida para destruir psicologicamente a vítima e com isso afastá-la do mundo do trabalho.

Heinz Leymann definiu o mobbing como a pior espécie de estresse social e designou-o de psicoterror. Mobbing não é uma ação singular, também não é um conflito generalizado. O terror psicológico é uma estratégia, uma ação sistemática, estruturada, repetida e duradoura. Em 1993, Heinz Leymann - considerado hoje o pai do mobbing - definiu o fenômeno como um conflito cuja ação visa à manipulação da pessoa no sentido não amigável; essa ação pode ser analisada em três grupos de comportamentos: um grupo de ações se desenvolve sobre a comunicação com a pessoa atacada, tendendo a levar a pessoa ao absurdo ou à interrupção da comunicação. Com ele ou ela se grita, se reprova, se critica continuamente o trabalho a sua vida privada, se faz terrorismo no telefone, não lhe é dirigida mais a palavra, se rejeita o contato, se faz de conta que a pessoa não existe, se murmura em sua presença, etc. Outro grupo e comportamento se assenta sobre a reputação da pessoa. As táticas utilizadas vão das piadinhas mentiras, ofensas, ridicularização de um defeito físico, derrissão pública, por exemplo, de suas opiniões ou idéias, humilhação geral. Enfim, as ações do terceiro grupo tendem a manipular a dignidade profissional da pessoa, por exemplo, como que para puni-la, não lhe é dado trabalho ou lhe dão trabalho sem sentido, ou humilhante, ou muito perigoso, ou, ainda, são estabelecidas metas de alcance duvidoso, levando a vítima a culpar-se e acreditar-se incapaz para o trabalho.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Prezados leitores,

Como todos sabem já escrevi um livro sobre o "Assédio Moral no Trabalho", porém, fico indignada com tantas ações relacionadas ao assunto. Gostaria de dizer que o assédio moral deve ser observado e muito, PORÉM, também devemos entender que a política interna de cada empresa não pode ser confundida com assédio moral. Muitas vezes, deixamos de analisar a cultura e tradição de algumas multinacionais e "embarcamos" no que posso chamar de "onda do momento". Isso mesmo, "onda do momento" porque está na moda uma empresa ser processada por qualquer motivo. Ninguém analisa se o empregado está deixando a desejar, se realmente está cumprindo corretamente com seu dever. É.... é fácil ir dizendo que tal empresa trata seus empregados de maneira agressiva, sem a mínima educação. Será que muitos empregados não provocam também essa situação!?????? Enfim.... sem conhecer os fatos, mas para que todos conheçam a primazia da realidade empresarial, vamos noa ater a essa leitura que extrai do O Estadão, de 08 de fevereiro de 2010.



Assédio moral assombra a LG
Greve no interior paulista mostra as dificuldades dos funcionários da empresa em conviver com o jeito coreano
Paula Pacheco

TAUBATÉ (SP)Por quase uma semana, os funcionários da coreana LG Eletronics de Taubaté ? em torno de 2,4 mil ? interromperam a produção de cerca de 300 mil unidades com o objetivo de brigar pelo cumprimento de um acordo de promoções e para protestar contra o assédio moral por parte de alguns executivos. A greve terminou na sexta-feira, depois de um acordo entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e a empresa, intermediado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP).O fim do assédio moral é um tipo de reivindicação comum nas pautas sindicais, mas o excesso de queixas, segundo o sindicato, mobilizou os funcionários. A empresa, segundo a entidade, se comprometeu a mudar suas práticas. Os trabalhadores falam de insultos, palavrões e maus tratos. Depois de um tapa nas costas e um rosário de insultos, Simone de Gouvêa Rosa, de 35 anos, recorreu à Justiça. Desde junho de 2007 briga por uma indenização. A acusação é de agressão moral e física. O acusado, diretor da área de celulares, é conhecido por todos como Mister Ahn. Em caso de condenação da empresa, o valor será determinado pelo juiz.Após um acordo, ficou acertado que, até a decisão do juiz, Simone continua vinculada à empresa. É funcionária, recebe o salário e demais benefícios, mas fica em casa. Não pode procurar emprego nem ter atividade remunerada. Depois de tanto tempo, ainda tem de conviver com as perguntas inconvenientes de quem quer saber por que levou um tapa do diretor coreano. Até o filho único, de 13 anos, é atormentado pela curiosidade dos colegas de escola.Simone entrou na LG em 2001. Acordava às 5 da manhã, ainda com o céu escuro, preparava o filho para a escola e chegava à fábrica às 7h15. O expediente terminava às 17h18. Parava10 minutos para o café da manhã, tinha pausa para o almoço e outra para o lanche da tarde. Mas, segundo ela, precisava pedir para ir ao banheiro ou tomar água. "Se ninguém estivesse livre para me substituir, tinha de segurar a vontade", diz. Seu trabalho era testar baterias e colar adesivos nos aparelhos.Em junho de 2007, quando a produção de monitores estava mais tranquila e a de celulares acelerada, alguns funcionários, entre eles Simone, foram recrutados para mudar de departamento por uma semana. O grupo teve de aguardar em uma sala para receber mais instruções para a hora extra que faria. Ela conversava com Adriano Calais, então integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), para ter detalhes sobre como seria a Participação de Lucros e Resultados (PLR). Mr. Ahn, segundo ela, entrou na sala, deu um tapa estalado nas costas dela e gritou em coreano. Abalada, a funcionária diz que passou por um psiquiatra e uma psicóloga e teve de tratar da depressão com muitos remédios. "Tomava calmantes, não conseguia dormir. Naquela época não conseguia sair de casa, nem tirava o pijama, ficava enfiada no quarto o dia inteiro à base de antidepressivos."Ainda hoje Simone se desestabiliza ao lembrar do caso. Chora e diz ter pesadelos. "Ele olhava nos meus olhos, gritava comigo, gesticulava muito. Fiquei paralisada, me senti assustada e não consegui reagir", diz.O marido fez o possível para ajudar na recuperação. Numa saída para jantar, ela simplesmente travou ao passar pela porta do restaurante e ver uma mesa cheia de coreanos da LG, entre eles Mister Ahn. Desgastada, Simone espera encerrar o processo e, pouco a pouco, "voltar à rotina, arranjar outro emprego, ter a minha independência novamente e uma vida social".PALAVRÃOJoão, nome fictício, é funcionário da LG há nove anos. Relata que a relação com os chefes coreanos é difícil. Ele diz que uma das primeiras coisas que os novatos costumam fazer, até por instinto de defesa, é aprender palavrões em coreano para tentar acompanhar o que os executivos dizem nas rodinhas de conversa.Em março do ano passado, João ajudava o supervisor em outra linha de produção. Conta que Mister Ahn, aparentemente insatisfeito com a presença do funcionário, o xingou no idioma natal. "F.d.p.", teria dito. "Respondi que sabia o que ele estava falando e disse "é a sua mãe", pronto para bater nele. Chorei de raiva. Pensei na minha mãe que me colocou no mundo. Ela é o quê, uma vadia?"João foi ao ambulatório da empresa, tomou um calmante e pediu providências. Mister Ahn teve de pedir desculpas formais. Ele tentou entrar com uma ação na Justiça, mas teve de interromper o processo por falta de testemunhas. "Será que ele é bipolar? Na semana passada dizem que ele jogou um notebook no chão num momento de fúria." A empresa nega. A LG informou, em nota, não existir uma cultura dominante na empresa: "O objetivo é fazer com que a cultura local e a coreana se integrem, transformando a forma de trabalhar, conviver e interagir em um misto das duas culturas, na qual o que prevalece é o melhor de cada uma."Dos cinco mil funcionários no País, 64 são coreanos, espalhados por Taubaté, Manaus e o escritório de São Paulo. Sobre a acusação de assédio moral, a LG diz que as queixas podem ser feitas à matriz. "Caso seja apurada uma infração, as providências são imediatamente tomadas pela matriz, que acionará os responsáveis no País", explica a nota.Para Roberto, outro nome fictício, a cultura coreana é muito diferente da nossa. "Para eles, é normal chamar a atenção de um funcionário na frente dos outros ou simplesmente não falar com os subordinados. Mas não é assim que agimos", ressalva. Ele também viu cenas inusitadas na LG. A máquina que fechava as caixas de monitores estava com um defeito e não fazia o lacre corretamente. Um diretor coreano chamou a equipe para uma reunião e arremessou uma caixa com o monitor no chão. "Tranquilo, ele saiu para fumar com os outros coreanos como se nada tivesse acontecido", afirma.Para Roberto, estar na LG é um "desgaste psicológico". Se pudesse, mudaria de emprego. "Quando fui admitido, imaginava que seria o lugar do futuro. Afinal, lá se faz tecnologia."

Impasse Iraniano

Como sempre, acho interessante o que esse autor (Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues) escreve, por isso, resolvi homenageá-lo no meu blog. A todos uma ótima leitura!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Síntese do distorcido “impasse iraniano” - 11/2/2010Antes de mais nada, uma explicação: nada tenho, genericamente, contra “judeus”, sejam eles encarados como “raça” ou religião. Pelo contrário. Em escolas, como aluno, do ginásio à universidade, sempre senti uma natural afinidade intelectual com judeus, no geral bem humorados, valorizadores da cultura, afáveis e avessos à brutalidade. A humilhação, o sofrimento deles na Europa, vítimas de perseguições — e não só pelos nazistas — nunca me foi indiferente. Como tenho sobrenome de árvore, “Pinheiro’, e poderia se também “Carvalho” — se minha avó paterna não tivesse, com o casamento, adotado o sobrenome do marido —, cheguei a pensar, pela semelhança do temperamento, que talvez fosse descendente dos tais “cristãos novos”, que mudaram de religião só para escapar das perseguições religiosas.Essa simpatia, no entanto, não me impede, pelo contrário, me obriga a criticar a política exterior de Israel, nas últimas décadas, no que se refere ao povo palestino e seus “desdobramentos”, um deles o Irã. Sim, desdobramento. O rancor do Irã contra Israel e a própria existência do terrorismo islâmico nutrem-se, em grande parte, do tratamento que Israel vem dispensado aos palestinos, expulsos (pelos romanos não pelos palestinos) das terras que ocupavam há quase dois mil anos. Se a questão palestino-israelense já tivesse sido resolvida — pela ONU, parece não haver alternativa, ampliando e fortalecendo a jurisdição internacional — Ahmadinejad não estaria repetindo a bobagem, sempre lembrada pelos seus inimigos, de “Varrer Israel do mapa”. Frase tola, visando a captação de votos em eleições, porque todos sabem, inclusive ele mesmo, que não mais tem sentido, no mundo moderno, “arrasar” um país, qualquer país, seja ele fraco ou forte. E Israel é fortíssimo na área militar, diplomática e de inteligência (espionagem, na nomenclatura antiga). Além disso, sua dimensão populacional não se limita a Israel. Aproximadamente 6 milhões moram em Israel, mas igual número, vive nos Estados Unidos. Segundo dados da Wikipédia, a população judia, no mundo todo, varia entre 12 milhões e 14 milhões. Entre os países europeus, está na França, terra do Sarkozy, a maior concentração de judeus. Charles Proteus Steinmetz, um cientista judeu nascido na Alemanha mas que imigrou para os EUA — onde fez brilhante carreira na engenharia de eletricidade —, disse que “Haverá uma era de nações pequenas e independentes cuja primeira linha de defesa será o conhecimento”. Com isso profetizava a existência de Israel e sua preocupação com a chamada “inteligência”, a informação na área política, militar e até comercial. O Mossad, serviço secreto israelense, é provavelmente o mais eficiente do planeta. Israel dispõe, em comparação com os países árabes, de enorme superioridade em armas convencionais, as mais modernas, além de um “plus” atômico de dimensões desconhecidas pelo resto do mundo porque ninguém — nem mesmo a Agência Internacional de Energia Atômica — se atreve a investigar qual o arsenal nuclear de que dispõe o país, sem ser incomodado pelas nações ocidentais. É uma desigualdade de tratamento, até mesmo de curiosidade, que revolta os iranianos. Estes podem sempre perguntar: “Se os israelenses têm o direito de ter medo de ataques árabes, e por isso estão autorizados a possuir armas nucleares, por que nós, iranianos não temos o direito de ter medo dos israelenses, que já as tem?”O que o presidente iraniano precisa enfiar na sua cabeça teimosa é que se o “lema-choque”, varrer, pôde, anos atrás, lhe dar alguns milhões de votos, sua repetição, ou simples permanência, pode, hoje, significar a desgraça do país. A frase boba facilita, “autoriza”, um ataque contra suas instalações nucleares, tanto por israelenses quanto por forças internacionais comandadas pelos americanos. Há sinais, decepcionantes, de que Barack Obama, nesse item — espero estar enganado —, está fraquejando, incapaz de resistir a pressões do lobby israelense e de seu Secretário de Defesa, má-herança do governo W.Bush. Se bombardeado o Irã, sua população se unirá em apoio ao presidente, como é usual em todos os países. Teremos uma terceira guerra em curso, para felicidade da indústria bélica americana. Relembre-se que a indústria armamentista, em toda parte, só prospera em clima de guerra. A paz é sua penúria, sua falência, seu inferno. Em um mundo menos idiota a indústria armamentista não poderia, há muito, estar em mãos particulares, exceto no que se refere a armamento leve: revólveres, espingardas de caça e coisas assemelhadas.Ocorrendo um ataque contras as instalações nucleares persas, e inevitavelmente em áreas vizinhas, qual o benefício que isso trará ao Irã? Nenhum. Só mais atraso e destruição. Em tudo, não só no desenvolvimento do conhecimento atômico. A energia nuclear, cedo ou tarde, será necessária ao Irã, que não dispõe de hidrelétricas suficientes. Será que o atual presidente não entende que a manutenção da frase tola só fornece argumentos e pretextos para Israel manter-se como força máxima, e em expansão, no Oriente Médio? Sob tal aspecto, seria útil, para o Irã, livrar-se de Ahmadinejad, assim como seria útil para Israel livrar-se de Benjamin Netanyahu e seu atual Ministro do Exterior, que um dia serão julgados pela História. Os “líderes”, quase sempre, é que desgraçam seus respectivos povos. Mesmo nas democracias. Isso porque a preocupação máxima deles é agradar “as massas”, que pouco se interessam, nem têm tempo para ler a enxurrada de notícias e análises conduzidas conforme o interesse de editores de jornais, revistas e televisões.A respeito, especificamente, da possibilidade de uma série de “sanções duras’ — bombardeios contra as instalações nucleares iranianas? — analisemos o falso “perigo imediato” de que o Irã faça logo bombas atômicas e que as arremesse contra Israel.O que será dito em seguida são informes colhidos em “O Estado de S. Paulo”, jornal que jamais poderá ser acusado de nutrir qualquer simpatia pelo Irã. Diz o referido jornal, no dia 8-2-10, pág. A8: “O material radioativo iraniano é enriquecido entre 3% e 5%, taxa adequada para o uso civil. Ao ser processado novamente, este combustível pode chegar a 20% de enriquecimento — ideal para uso medicinal — ou até 90%, percentual requerido para a fabricação de uma arma atômica”. Um exagerado “pulo”, esse, de 5% para 90%. Em suma, o Irã ainda está muito longe de poder produzir bombas nucleares. Sua luta atual é conseguir chegar aos 20% de enriquecimento, bem distante dos 90%, necessários para produzir bombas. E na mesma notícia vem dito que os serviços de inteligência dos EUA e de países da Europa “calculam” — provavelmente exagerando — “que o Irã teria capacidade de produzir uma bomba nuclear dentro de menos de cinco anos”. Quando um notícia como essa diz “menos de cinco anos” pode o leitor estar certo que a previsão não é de um, dois ou três anos. É de quatro ou cinco, pelo menos. Portanto, a suposta “bomba iraniana” não é um assunto de importância tão imediata, que justifique bombardeios, agora, de qualquer país, desencadeando uma nova guerra.Os falsos argumentos para, de imediato, “punir” o Irã, incluem também o fato do Irã mostrar-se relutante quanto à proposta ocidental de que o país deve enviar seu combustível nuclear para ser beneficiado na França. A desconfiança iraniana, no caso, se justifica. Qual a garantia de que a França e os países ocidentais — passado algum tempo e fortemente influenciados pela diplomacia israelense — não resolvam “reter”, “pensando melhor”, o combustível nuclear iraniano, alegando tal ou qual fundamento ou pretexto? O Irã, nesse caso, ficaria privado de um material que é seu, dependendo de uma enorme, lenta e ineficaz burocracia jurídica para pleitear, na justiça internacional, a devolução do seu combustível. E é sabido que as decisões da justiça internacional não são cumpridas automaticamente. Se a França se negasse e entregar o combustível — que não lhe pertence —, após anos de disputa judicial, e fosse condenada por isso na Corte Internacional de Justiça, o assunto passaria para exame do Conselho de Segurança, onde imperam as decisões com motivação apenas política. Além do mais, a França já deixou expresso que “...sua estatal nuclear, Areva, não teria condições de entregar combustíveis ao Irã antes de dois anos, por conta de compromissos anteriores de fornecimento” (mesma fonte jornalística).Em suma, a França “enrola” nas suas propostas e contra-propostas. Diz o referido jornal, na edição de 10-2-10, pág. A12, que “Há cerca de um ano, Sarkozy declarou que havia duas opções: a bomba nuclear do Irã ou o bombardeio contra o Irã”. Em janeiro, o presidente francês alertou sobre a possibilidade de um ataque militar de Israel às instalações nucleares iranianas”. Sarkozy é filho de mãe judia, convertida ao catolicismo. Não é improvável que tal condição o incline para ver as coisas do modo bem parcial, em favor de Israel, que dispõe de arsenal nuclear — deixa isso sempre subentendido — ou finge ter, mas não permite gente de fora examinar.Nesse assunto — sanções contra o Irã — nossa política externa está no bom caminho. Talvez não no “politicamente correto internacionalmente”, mas sob o aspecto moral, muito mais importante, a longo prazo, que a subserviência aos interesses dos mais espertos.Na sua próxima viagem ao Oriente Médio o Presidente Lula será tremenda e sutilmente pressionado, pelo governo israelense, para aderir à quase unanimidade internacional que julga com extrema parcialidade — sem o menor pudor — um conflito capaz de desencadear guerra injusta contra uma nação relativamente fraca, o Irã. Esqueçam, por favor, a tola bravata do presidente iraniano. Pensem apenas no povo iraniano. O que o Irã pretende, no fundo, é criar um escudo que provoque algum respeito, ou mesmo medo, em um inimigo que se sabe poderoso e influente demais para ser contrariado em qualquer pretensão territorial. Se o medo for recíproco, há alguma esperança de acordo no conflito essencial, a questão palestina.Espera-se que o governo brasileiro, embora educado nas suas manifestações durante as visitas, diga, evasivamente, que “vai pensar” nas sugestões e depois decida com a boa consciência, embora com voto vencido na ONU. Se outros países, por patetice, ou submissão vergonhosa, quiserem autorizar os bombardeios — sem o mínimo acanhamento pela desigualdade de tratamento dos países —, que o sangue das vítimas iranianas manche outras consciências, que não as nossas.Resolva-se, com justiça, o conflito na Palestina — a decisão deve vir “de fora” — e inúmeros outros problemas estarão automaticamente resolvidos, ou quase isso.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Francisco César Pinheiro Rodrigues
Lawyer, retired principal judge and writer. He’s a member of IASP Institute of Lawyers of São Paulo.
What should be done with Kim Jong II? Nothing.
The ambitious, intelligent and persuasive global arms industry should be extremely excited with the challenges or “follies” (what else to call them?) of Kim Jong Il, the North-Korean dictator.
In abstract terms, the client adored by the arms industry is fear. Without it, there would be generalized insolvency in the cannon industry. Even worse than General Motors. On the other hand, the client respected in flesh and blood is any head of state or government sufficiently unscrupulous or courageous in resolving the problems of their country (principally those of an economic nature) by avoiding them through emotional saber-rattling.
This is exactly the case of Kim Jong Il, the son of another dictator and likely the father of a third. This will only not happen if his son refuses the post. If this occurs, another family member will probably be proclaimed “king”. A strange case of royalty, of blue blood (or, in this instance, yellow) in a type of regime whose very essence (communism) resides in the closest kind of identification between leaders and led. Given that, in North Korea, there is no free press or free elections, the masses - lean, but not by choice - support the orders handed down by their irrevocable “father”, without further analysis.
Considering that there is not even a shadow of democracy in North Korea and that its future (and that of the whole region) depends on just one man, and this depends on that which occurs in his mind, the best solution regarding the Korean nuclear threat lies in patiently awaiting a biological decision to be made. In the case in question, concerning his health. After he is gone, we will see what needs to be done. Attack North Korea? Only if the country attacks first, and in a concrete manner. This means without even considering so-called “preventive attacks’, which would have extremely serious consequences in terms of destruction, deaths and radioactive contamination.
Given that world government, or some semblance of such government, does not yet exist (this is something that needs to be changed as a matter of urgency), with powers, accepted by all countries, of immediate intervention for “confiscation” or “extraction” (as in the case of a rotten tooth) of dictators who are putting various other countries at risk, and even those who are under their domination (as in the case of Robert Mugabe, in Zimbabwe), the wisest solution is not to encourage the warmongering of a head of state who may not be in full control of his mental faculties for physical (stroke) or psychological reasons.
In the 1930s, if Hitler (after arming Germany with the largest war machine ever seen - externalizing his intention to dominate the world) had been “extracted” from power by a democratic world government, we would not have had the widespread slaughter that was the Second World War. Not even its consequence, the so-called “Cold War”, which nearly became transformed into an atomically “hot” war in 1962, at the time of the Cuban missile crisis. This did not result in nuclear conflict solely because Nikita Khrushchev, a simple-minded man (on one occasion, in the middle of a UN session, he removed a shoe and began hammering it on the table, demanding attention), but a man of great vision, had the good sense and moral courage to make an about-turn, ordering the return of ships that were transporting nuclear missiles destined for Cuba.
In fact, this gesture of courageous prudence, which saved humanity from a war that was likely to be nuclear, did not save the prestige of Khrushchev within the Soviet Union. Russian generals thought that he was “soft” in dealing with the incident. Instead of being thankful for not being incinerated, the star-studded and medal-bedecked generals criticized the retreat. They did not understand the reach of this heroic gesture precisely because it was not “heroic”, i.e., accompanied by the beat of drums. As a result, Khrushchev lost his hold on power in his country. With the return of the missiles, international headlines remained fully focused on John Kennedy. This is just another example that “taking a hard-line standpoint” is of “greater value” to the masses than acting in an intelligent and discerning manner. Being fully aware of this, dictators generally rely on shows of force - and it is the people who end up being hurt. Just as in the case of the Falklands, a small-scale war destined to distract attention from the problems that afflicted Argentina at the time.
Any kind of military measures - “other options” - against Kim Jong Il, with a view to bringing his nuclear activities to a halt or destroying them would be counterproductive. Such military measures are unthinkable, given that North Korea has a numerous and powerful army. In addition, in an extreme situation, it could launch missiles with nuclear warheads. That would lead to chaos. There is no guarantee that the country would be flattened before pressing the launch buttons. Even if this occurred, following a sudden and precise attack by the USA, such a preventive attack would be an act of cowardice against a population that cannot be blamed for the foolishness of its head of government, the “master” and architect of public opinion. In a land where there is no freedom of the press, few think differently from their leader.
Besides this, “hard-line economic sanctions” also do not function, as they augment the poverty of countries governed by dictators if such leaders are, rightly or wrongly, supported by the populace. It is only the poorest sectors of society that suffer. There will be no lack of food and other indispensible goods on the table of those in government and their supporters. And when hunger is a threat, there is an increase in the proportion of “friends of the ruler”, whose interest is that of getting enough to eat, this being a primary drive embedded in all living beings. A lack of food in the stomach can have immense persuasive force.
However, an irrefutable argument that reinforces popular support for Kim Jong Il has a factual basis: there is currently unequal treatment among countries. The UN Security Council requires that North Korea interrupt its nuclear program destined for arms production. The problem is that, for this to occur, it would have to maintain inspectors within its nuclear facilities, constantly checking whether the activities in question are solely being developed for peaceful purposes. This is very irritating for the country being inspected.
I doubt (a normal reaction) that Israel would allow international inspectors, with Arab surnames, to scrutinize its nuclear installations. However, the five permanent members of the aforementioned Security Council (USA, United Kingdom, Russia, China and France) are free to have as many nuclear arms as they wish. Together, they could destroy the Earth many times over. Besides the five permanent members, India, Pakistan and Israel also have their nuclear arsenals, without any opposition on the part of the Security Council. What is the conclusion drawn by the North Koreans (the same applies in the case of Iranians) as a result of this evident inequality? Are the North Koreans in some way “inferior” or congenitally imbalanced? In theory, is it not the case that all countries have equal rights?
An article entitled “Que tal a velha diplomacia?” (Bush’s Best Example), by Norman Dombey, Emeritus Professor of Theoretical Physics at Sussex University, Great Britain, published in “The Guardian” and reproduced, in Portuguese, in the “O Estado de S. Paulo” newspaper on 31-5-09, in the supplement entitled “Aliás”, J5, specifies the breaking of several promises made by the George W. Bush government to Kim Jong Il, resulting in retaliation on the part of the dictator. The aggressiveness ingrained in Bush by the well known “hawks” that surrounded him made a significant contribution to the exaggerated reactions of the North Korean president, someone already exaggerated in nature. He concluded that it was no longer possible to trust the Americans. Thence the conclusion drawn by the aforementioned author of the article that the Obama administration “blundered into sanctions and threats”. For reasons of space, it is not possible to transcribe all the arguments put forward in the article, but these can be read in the publication in question. Well worth the effort.
Another article, in the same Brazilian newspaper, dated June 1st 2009, on page A12 (this time by Seumas Milne, previously published in “The Guardian”), under the title of “Hipocrisia estimula proliferação” (Hypocrisy encourages proliferation), also draws conclusions regarding hypocrisy and double standards in the international field, allowing some countries to fabricate nuclear weapons and prohibiting others. In other words, the permanent members of the UN Security Council and a few “allies” (Israel, India and Pakistan) have the “right to have fear”. On the other hand, North Korea and Iran have no such right. How is it possible to explain this inequality, without “shame”, in a world that reaffirms the existence of something that does not exist, i.e., equality? The explanation lies in the title of the aforementioned article: “Hypocrisy”.
Nuclear weapons states are generally more respected than those not attributed with equal powers. This is a factor that also motivates Kim Jong Il. Given that the USA invaded Iraq, based solely on “mistrust” (in fact, just another pretext) regarding the existence of weapons of mass destruction, and Bush broke agreements and confronted the UN, Kim considered it safer to emphasize, through a loud-speaker, that his country was really in possession of nuclear power, albeit incipient. Apparently, Kim is afraid and knows that enemies of countries with nuclear arsenals think more carefully before attacking.
Clearly, the more widespread nuclear proliferation, the greater the danger for all mankind. Proliferation should be avoided at all costs, but nota t the cost of a war that could become nuclear. It would be a case of contradicting purposes.
Innumerous more prudent countries are not bothered, diplomatically, by this inequality. For example, Sweden, which already has the technology necessary for construction of atomic weapons, has explicitly decided not to construct them. Perhaps knowing that, as it stands, the country will not become the target of mistrust and hostilities. Brazil, which could construct such arms within a few years, has also preferred to follow a more peaceful path, if only due to the fact that it does not feel threatened. If atomic energy were to be developed for military rather than peaceful purposes, such a move would likely lead to rivalry on the part of Argentina. On the other hand, North Korea and Iran could argue that they indeed consider themselves to be in potential imminent danger, if they continue to be “weaker” than their neighbors. Hence the union of fear and arrogance and, in the case of Iran, the need to impress the electorate.
Summing up: what should be done in order to resolve the current impasse? The reply to this question seems simple: Obama and his allies work, diplomatically, with a view to gaining the confidence of North Korea, Iran and Israel, with the urgent signing of a treaty guaranteeing that none of these three countries will be attacked, unless they are considered to be evident aggressors by a majority decision by the UN Security Council, without any right to veto in this case. A treaty without conditions and without inspections of any nature whatsoever.
In the meantime, considering the current state of the world, there is no way of impeding nuclear proliferation, the fruit of fear and/or arrogance. Nevertheless, with the exception of some kind of insanity, no country, of whatever kind, is going to want to initiate a nuclear war, which would also end up incinerating the actual aggressor. Once such a treaty has been signed by Obama, North Korea would have more confidence in “pieces of paper”. In all certainty, the new American president would not be subject to demoralization, for example, coming to be known as an “international trickster” or even a “sluggard”.
With peace ensured, albeit in a provisory manner, the world will be at leisure to deal with other matters. Such “other matters” will have to include the establishment of a new world order, more effective than that which currently exists. The immediate total abolition of nuclear arms is an illusion. The USA is fearful of the growing power of China, and vice-versa. Israel is fearful of Iran, and vice-versa. Even if all countries were to sign a treaty eliminating their nuclear arsenals, there would be no guarantee that a few warheads would not remain hidden, “just in case”. However, a new world order, which definitively resolves the matter, is a topic that cannot be dealt with here.
(2-6-09




Francisco César Pinheiro Rodrigues,
Lawyer, retired principal judge and writer. He’s a member of IASP Institute of Lawyers of São Paulo.
Vargas Llosa, Gideon Levy and Gaza
Mario Vargas Llosa is a notable writer. Both inside and outside, that is to say, due to the intelligent and judicious fluidity of his prose and his moral integrity. Someone once said that behind a great writer “a man” should exist, in other words, a character. How is it possible to admire, without a bitter taste (in the soul and even the mouth), a writer who is highly intelligent but false, deceiving, tremendously egoistic and indifferent to the suffering of others? In truth, a “monster”. A moral abortion, flashy diarrhea of nature, only interested in earning money and duping those more ingenuous readers (thousands of them) who think that they are now part of the so-called “intelligentsia” - such an elegant term! - just because they bought and perhaps partially read the most recent best seller? By the way, not really sold in such great numbers. In a large book store, if someone were to take the time to examine the dust-jackets of pocketbooks and add up the “millions of copies sold” (as editors exaggerate on the flaps) the conclusion drawn would be that the world is drowning in books. The great enemy of the environment would not be oil, but the book industry, responsible for devastating forests.
If superior intelligence were a gift granted by God strictly for personal and egoistic use - which it is not, as some are born without it and one cannot presume nepotism on the part of the Creator - He is likely thinking: “Please, don’t interpret My work badly...” As the old saying goes, “to err is human”. Never divine.
Returning once again to the esteemed Peruvian writer, yesterday (Monday), on page A-11, the O Estado de S. Paulo newspaper published an article of his entitled “O fim moral da política israelense” (The end of moral values in Israeli politics), although this article would have been accessed to a greater extent had it been published on Sunday. The texts is a balanced, sincere and eloquent assessment of the air and land incursion made by the well-equipped and extremely highly trained Israeli army into the Gaza Strip, with the alleged intention of solely bringing an end to the firing of rockets and mortars against areas of Israel near the borders. As the author says (seconding the vast majority of international commentators of non-Jewish surname), if it is the intention of Israel to reduce Hamas to total passivity, such an objective will not be attained, because any independent person who has traveled through towns in the Gaza Strip can see that this region has become a type of ghetto, due to the bureaucratic and military “fence” erected by the Israelis. The removal of Jewish settlers was to little avail if, in the words of Vargas, Llosa, “implacable quarantine - prohibiting the possibility of import and export, closing off the use of air and sea routes, allowing its inhabitants to only leave this ghetto in a limited manner, after being subject to oppressive and humiliating official formalities” continues in Gaza. The objective of this policy has been that of “proving” that “the Palestinians are incompetent as far as governing themselves is concerned”.
It is not difficult to foresee the short, medium and long term consequences of this short-sighted, not highly intelligent and ultimately brutal and election orientated policy that goes against the recognized culture of the Israeli people which, paradoxically, benefitted intellectually from the second diaspora - not brought about by the Palestinians, but by the Romans.
Based on my modest knowledge of History, several European countries prohibited the acquisition of land by Jews. Finding it impossible to cultivate land, they returned to those activities that were not prohibited, namely: finance, commerce, goldsmithery, philosophy, sciences, the arts and knowledge of foreign languages. Scattered throughout the world, most notably in the USA, their commercial and financial know how brought them wealth and power, in fields that include the media. It is exactly this force, this support on the part of Jews residing abroad (free from immediate personal danger) that encourages the aggressiveness shown by Israel’s current leaders, who are not only interested in protecting their nation, but also their own personal interests in the political dispute with other leaderships.
It should not be forgotten that public opinion in any country is molded by the media. If the media is prejudiced and aggressive, such characteristics are transferred to ordinary citizens, who do not have time to keep reading and analyzing that which is really happening behind the news - which is served up to them as a “ready-to-eat” dish.
I have already recommended the reading of Vargas Llosa’s text (a courageous summary of what is happening in Palestine), but even more surprising - almost incredible - is the boldness shown by an Israeli journalist, Gideon Levy, who, even living and working in Israel, has the courage to proclaim the bitter and undeniable truth regarding that which is occurring in the Gaza Strip. He manages to be fair even when the majority of his fellow countrymen, uneasy about the future, think or feel to the contrary (more feel than think).
Reading the biography of this journalist (who, due to his dark-skinned physical appearance, looks more like an Arab than a Jew, despite being an “authentic” Jew) on the Internet, the first and refreshing impression of any reader, if he or she is really honest, is that the human species still deserves credibility and hope. Levy, when adequately understood, deserves a Nobel Peace Prize.
Gideon Levy, 54, the son of European immigrants, is an important journalist working for the Israeli Haaretz newspaper. He worked for Shimon Peres from 1978 to 1972 (and therefore has inside knowledge of politics) and has already been given an award for his defense of human rights. Irrespective of being a Jew and a great patriot (in the more intelligent and ethical sense of the term), he did not content himself with forming a mental image of the life of Palestinians according to descriptions disseminated by the Israeli media. He resolved to personally investigate the way in which the Palestinians were being treated by the all-powerful State of Israel. With this intent, he traveled through areas inaccessible to ordinary Israeli citizens. And what he saw horrified his indisputable sense of justice.
His quest to discover what reality was like for the Palestinians almost cost him his life. On one occasion, intending to visit a Palestinian town named Tukarem, he made a request to the Israeli army for issue of all the necessary authorizations. After obtaining them, following a long wait and many inquiries, he took an Israeli taxi (white in color with yellow license plates) to a military post of his own country, in all certainty for further authorizations. However, when at a distance of around 150 meters from his destination, he was startled by five shots - three bullets hitting the front windshield and the remaining two other parts of the vehicle. The journalist and the taxi driver only escaped death because the windshield was bulletproof.
When interviewed (see Wikipedia on the Internet) some time after this incident, Levy did not show himself to have any doubt whatsoever regarding the real intent of this “mistake”, when he had already provided the military authorities with all necessary clarification, obtaining a permit to visit the area in question. Besides this, he was in a taxi that was clearly Israeli. The army later apologized for the attack and punished the soldier who fired the shots, if only because the media brought the fact to light, requesting explanations.
Gideon Levy’s articles do not divert their focus (for convenience - in order to remain “dear” to his fellow citizens) from the great political wound that is the expulsion, pure and simple, by force, threats or cunning, of Palestinians from lands that they have occupied for almost two thousand years. It is this that explains the revolt of many Arabs who feel that they have been treated unfairly. Almost as extraordinary as the courage of the aforementioned journalist is the moral (and even financial) courage shown by the editor of Haaretz, Amos Schockem, who loses readers of his newspaper by publishing articles by Levy. Editors of periodicals are generally subservient to the opinion of majorities, even when they believe that such majorities are mistaken and incomplete. What they are generally interested in is selling newspapers. By adopting such spiritual submission, they strengthen the errors of the country in which they are active, contributing to its eventual ruin in the future. With the ruin of the country, their own ruin follows. If the source dries up, the newspaper also falters. Truly independent newspapers, with no internal censure, certainly have a longer duration. They are more reliable.
Irit Linur, an Israeli novelist, cancelled her subscription alleging that Levy had adopted the ideology of Israel’s enemies. I am not familiar with any of the works of this novelist, but even if I were not familiar with them, I can prophesize that - unless she changes her opinion - she will never be a great writer. Either for reasons of lacking a spirit of justice (essential for the survival of literary prestige), or for not having the courage to say what she thinks, even at the cost of losing readers.
Why do I say that Israeli public opinion has been wrong with respect to Gaza? Because it has avoided facing the basic, primary, essential, unpleasant and unconcealable fact that drives the firing of rockets (obviously foolish, as it “authorizes” massacre-type reprisals): the Palestinians were expelled, without prior consultation and with no compensation, from an area that they had occupied for almost two centuries. If the Jews were treated unfairly by the Romans, with the destruction of Jerusalem, obliged to become scattered throughout the world, and suffering, furthermore, persecutions and massacres, it was not the Palestinians who were the authors of this injustice. This being the case, the international community should also have been concerned with them, when the Jews wanted a “homeland”. This was granted to the persecuted sons of Israel, but the wound of forced relocation remained, palpitating and infected with hatred. Such Jewish intellectuals as Gideon Levy are unable to “turn a blind eye” to this basic side of the conflict.
Obviously, it is not possible to go back in History. Israel is a country with around seven million inhabitants. It makes no moral, economic or any other kind of sense to “wipe it off the map” - the foolish flight of fancy of the braggart. And if the two neighboring peoples are unable to reach an agreement soon, creating two sovereign states (I have no great hopes of this happening), the only rational solution - much too late! - is for the international community to take a step forward - after all, it is not an incurable paralysis - attributing responsibility for resolving the issue of frontiers to an independent agency. Whoever loses land will gain the equivalent in financial compensation, as well as the possibility of starting life again, decently, in other countries. No longer in refugee camps or ghettos. The burden of compensation payments will be much less than that spent on armed conflicts, humanitarian assistance, the building of high walls and a troubled spirit.
Current international rules are no longer the same as those that existed one thousand years ago. They are able to be modified. If they are not, the World Bank will have to deal with financing the widespread construction of nuclear shelters, as there remains an irritating question, as yet unanswered, in the minds of those in weaker countries: “Why is it that some countries can possess nuclear weapons, whereas others cannot do so?”
Barack Obama will go down in History as one who is foreordained, if he manages to convince his country to agree with several modifications to the United Nations Charter, and related texts, attributing the mission of resolving conflicts with the potential of setting the whole world ablaze to an independent international agency. Widespread fires almost always start in small areas.
(13-1-09)