terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Assédio Moral no Trabalho

I. - Assédio Moral – histórico e as diversas denominações


O assédio moral existe desde os primórdios da vida familiar e social. Isso é fato! Trata-se, como dizem muitos, de um terror psicológico, onde a pessoa pode adoecer física e mentalmente, chegando, algumas vezes, até a morte. Mesmo sendo tudo isso uma verdade, toda a humanidade sempre conviveu silenciosamente com esse fenômeno, e, por incrível que pareça, foi pouco discutido na antigüidade, até mesmo esquecido, impressionando por ser tão destruidor das relações sociais, principalmente no ambiente de trabalho, cujo teor será mostrado nesta obra.

O assédio moral é conhecido em todos os campos – familiar, escolar, entre amigos, colegas, em relacionamentos, enfim, sem exceção – e em todos os povos, obviamente cada qual com seus próprios juízos de valores (que deverá ser levado muitíssimo em consideração). Sua denominação varia de acordo com cada país, por exemplo: na Itália, Alemanha e países escandinavos, esse fenômeno é conhecido como “mobbing”; na Inglaterra e Estados Unidos, como “bullying”; nos países de língua espanhola é conhecido como “acoso moral ou psicológico”. Já para a língua portuguesa é o famoso assédio moral.

No ambiente de trabalho, tal fenômeno foi definido como a pior forma de estresse social, sendo que somente nos últimos 10 (dez) anos do século XX é que foi considerado como destruidor do ambiente de trabalho.

No início de 1984, Heinz Leymann publica o resultado de uma longa pesquisa pelo National Board of Occupational Safety and Health , in Stokolm, onde ficam caracterizadas as conseqüências do mobbing, sobretudo na esfera neuropsíquica, sobre a pessoa que é exposta a um comportamento humilhante no trabalho durante certo período de tempo, não importando se é por parte de colegas ou se é por parte dos superiores. Esse estudo teve maior destaque na Suécia, onde Leymann morou em meados dos anos cinqüenta, e evidencia que em um ano 3,5% dos trabalhadores, de uma população economicamente ativa de 4,4 milhões de pessoas sofreram perseguição moral por um período superior a 15 (quinze) meses. Só que àquela época para ser caracterizado o mobbing (ou assédio moral), era necessário que as humilhações se repetissem pelo menos uma vez na semana e tivessem a duração mínima de 06 (seis) meses. Isso foi chamado de psicoterror.

Leymann realmente foi o precursor do estudo sobre o assédio moral. Seus estudos não só se difundiram largamente na Europa, como também resultaram, sobretudo na Alemanha, na adoção de medidas de atendimento médico específico para as vítimas, tornando o sofrimento destas e os aspectos envolventes do fenômeno disciplina de estudo de nível universitário, como parte da cadeira de Psicologia do Trabalho. Na França, a Vitimologia existe desde 1994 e dá direito a diploma universitário (bem recente, diga-se de passagem!). Essa ciência tem como objetivo analisar as razões que levam um indivíduo a tornar-se vítima, os processos de vitimação, as conseqüências a que induzem e os direitos que podem pretender. Nos Estados Unidos, a Vitimologia, que, inicialmente era um ramo da Criminologia, hoje, é uma disciplina independente.

Mister se faz saber que foi a partir da difusão dos estudos de Leymann que começaram a aparecer as primeiras estatísticas sobre a violência psicológica no trabalho na Europa. Pesquisa realizada em 1998 demonstra que pelo menos 8,1% dos trabalhadores europeus empregados sofrem, no ambiente de trabalho, violência psicológica de vários tipos. Há aqui um destaque para a Grã-Bretanha, com 16,3% dos trabalhadores violentados psicologicamente. Em seguida, vem a Suécia, com 10,2%. A França com 9,9% e a Alemanha com 7,3%. Já a Itália contou apenas com 4,4%. Alguns acham que o fenômeno poderia estar mascarado em face de aspectos culturais. Os povos de origem latina, não se sabe o porquê, tendem a um maior conformismo diante da violência. Na Europa 12 (doze) milhões de indivíduos sofrem de assédio moral. A Resolução A-50283/2001 do Parlamento Europeu, aprovada em 20 de setembro de 2001, afirma que presumivelmente estes dados estejam subestimados.
Dialogue and terrorism ( by Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues)
15/03/2008

Today, as I was reading the text of a Jane Kinninmont interview with Moazzam Begg on the website www.opendemocracy.net, I felt myself tentatively returning once again to a topic already discussed in some of my modest articles.Moazzam Begg is a British Muslim who, after being detained in Pakistan, was imprisoned for three years in Guantánamo under the vague suspicion of being a member of al-Qaida, although no proof of this has ever been found. The British government insisted and managed to obtain his freedom. Following release, he wrote a book in which he recounts his experience and puts forward a personal view of the fight against terrorism. Hence the interest of the journalist in interviewing him.One particular point in the interview that drew my attention was his opinion that, even with terrorists, there should be dialogue. This opinion has been opposed by the American and British authorities, who cannot consider lowering themselves to the point of exchanging ideas with “vile and pitiless killers” or others of the same genre.Nevertheless, Moazzam Begg is right, although it is necessary to have a lot of guts in order to enter into dialogue with an individual who has ordered the killing of dozens of innocent people, given that terrorism is characterized by the exercise of indiscriminate violence, making victims not only of soldiers, but also women, children and the elderly.Why enter into dialogue with fanatical terrorists? Precisely because at least we will get to know the root cause of such hatred “at source”, without any personal distortions on the part of the intelligence services. Once known, perhaps something can be done to eradicate it. Without roots, the tree dies. This is a more direct method of getting to know the deep motivation that activates the arsenal of dynamite. It is possible that, listening to their complaints, we are able to agree with certain demands, even though we repudiate the methods used. And listening, without interruptions, to the complaints of terrorists, it would be difficult for them not to listen to what we have to say.In those cases where terrorism is strictly criminal in nature, interested in money, it is still possible to understand total refusal to enter into dialogue. However, it is not pure and simple gangsterism that has held the world in suspense. Gangsters do not blow themselves up. “Here one is dealing with “business”, let’s not exaggerate ...”Those who are more skeptical will say that most terrorist hatred is the result of deep-seated ignorance and fanaticism, against which little can be done, except repression. However, this is a mistaken view, because ignorance – any kind of ignorance – can be broken down or diminished with certain information and arguments (when impossible to deny), if presented in such a way that neither offends the sensibility of the listener, nor (a necessary precaution...) places the personal subsistence of religious leaders at total risk (I hope to be mistakenly cynical in saying this). Logical and perceptive reflection, on our part, regarding the opposing viewpoint may exert an influence on the most radical facet of “doctrine”, thus reducing its hostility. If it were always the case that ignorance is invincible, all schools attended by adults would close, their efforts being to no avail. It should not be forgotten that there are enormous differences in understanding the same religion between a semi-illiterate peasant and a theologian. Once he is duly convinced, his flock will follow him.Given that religions have the political influence that they have (for better or worse) throughout the world, I do not understand why the issue in question has been considered as almost “taboo” by the press. Respect for veneration and the personal intimate relationship between the believer and his or her God - a deservedly untouchable area, is one thing. Quite another is hostility assuming a very concrete form and being consequently of concern to humanity in general. If all forms of “energy” (and religion is one of the most potent) could be examined without fear of a bomb exploding in the hands of the examiner, why should the most influential belief systems, which are capable of driving the world towards war or peace, be exempt from such examination?It was recently reported in the press that an Afghan Muslim was sentenced to death, at a Muslim court, because he converted to Christianity. Through his association with a group of Westerners, on a humanitarian mission in the country, he ended up being convinced of the superiority (from his viewpoint) of the Christian faith, and changed religion, this being considered a crime according to Taliban legislation. Refusing to renounce his new faith, he would have to die. He only escaped the death penalty as international pressure, principally on the part of the United States, was immense. The conversion of this Afghan is proof that all religious convictions can be profoundly shaken or modified by discussion, knowledge and, principally, by example.I have absolutely nothing against any religion. I do not even have anything against certain kinds of fanaticism, as long as they are limited to the individual’s intimate personal relationship with his or her God. If a believer finds fulfillment in flagellating himself until blood is drawn, that’s entirely his own business. However, when he starts to whip his neighbors, the international community can and should intervene, as its mission is that of safeguarding the wellbeing of everyone – not the individual wielding the whip. Nevertheless, intervention should come about in an intelligent manner, through representatives specializing in the religion in question, not bureaucrats or the military. Such specialists would try to show the radicals that their interpretation is perhaps not compatible with the original intentions of the founders of their beliefs.
MOBBING ou ASSÉDIO MORAL


O assédio moral no trabalho, também conhecido pelo nome de mobbing e terror psicológico no âmbito laboral ocorre com frequentemente, porém as vítimas ainda relutam em denunciar seus agressores. Muitas vezes nem mesmo sabem que estão sendo assediadas moralmente.

"Mobbing, assédio moral ou terror psicológico no trabalho são sinônimos destinados a definir a violência pessoal, moral e psicológica, vertical, horizontal ou ascendente no ambiente de trabalho. O termo mobbing foi empregado pela primeira vez pelo etiologista Heinz Lorenz, ao definir o comportamento de certos animais que, circundando ameaçadoramente outro membro do grupo, provocam sua fuga por medo de um ataque.

No mundo do trabalho, o assédio moral ou mobbing pode ser de natureza vertical - a violência parte do chefe ou superior hierárquico; horizontal - a violência é praticada por um ou vários colegas de mesmo nível hierárquico; ou ascendente - a violência é praticada pelo grupo de empregados ou funcionários contra um chefe, gerente ou supervisor hierárquico. O terror psicológico no trabalho tem origens psicológicas e sociais . Sabe-se, todavia, que, na raiz dessa violência no trabalho, existe um conflito mal resolvido ou a incapacidade da direção da empresa de administrar o conflito e gerir adequadamente o poder disciplinar. Por isso mesmo não se pode mitigar a responsabilidade dos dirigentes das organizações no exercício do poder diretivo. Tanto a administração rigidamente hierarquizada, dominada pelo medo e pelo silêncio, quanto a administração frouxa, onde reina a total insensibilidade para com os valores éticos, permitem o desenvolvimento de comportamentos psicologicamente doentes.

A vítima do assédio moral ou terror psicológico é violentada no conjunto de direitos que compõem a personalidade. São os direitos fundamentais, apreciados sob o ângulo das relações entre os particulares, aviltados, achincalhados, desrespeitados no nível mais profundo. O mais terrível é que essa violência se desenrola sorrateiramente, silenciosamente - a vítima é uma caixa de ressonância das piores agressões e, por não acreditar que tudo aquilo é contra ela, por não saber como reagir diante de tamanha violência, por não encontrar apoio junto aos colegas nem na direção da empresa, por medo de perder o emprego e, finalmente, porque se considera culpada de toda a situação, dificilmente consegue escapar das garras do perverso com equilíbrio emocional e psíquico para enfrentar a situação e se defender do terrorismo ao qual foi condenada.

No mobbing, o agressor pode utilizar-se de gestos obscenos, palavras de baixo calão para agredir a vítima, detratando sua auto-estima e identidade sexual; mas diferentemente do assédio sexual, cujo objetivo é dominar sexualmente a vítima, o assédio moral é uma ação estrategicamente desenvolvida para destruir psicologicamente a vítima e com isso afastá-la do mundo do trabalho.

Heinz Leymann definiu o mobbing como a pior espécie de estresse social e designou-o de psicoterror. Mobbing não é uma ação singular, também não é um conflito generalizado. O terror psicológico é uma estratégia, uma ação sistemática, estruturada, repetida e duradoura. Em 1993, Heinz Leymann - considerado hoje o pai do mobbing - definiu o fenômeno como um conflito cuja ação visa à manipulação da pessoa no sentido não amigável; essa ação pode ser analisada em três grupos de comportamentos: um grupo de ações se desenvolve sobre a comunicação com a pessoa atacada, tendendo a levar a pessoa ao absurdo ou à interrupção da comunicação. Com ele ou ela se grita, se reprova, se critica continuamente o trabalho a sua vida privada, se faz terrorismo no telefone, não lhe é dirigida mais a palavra, se rejeita o contato, se faz de conta que a pessoa não existe, se murmura em sua presença, etc. Outro grupo e comportamento se assenta sobre a reputação da pessoa. As táticas utilizadas vão das piadinhas mentiras, ofensas, ridicularização de um defeito físico, derrissão pública, por exemplo, de suas opiniões ou idéias, humilhação geral. Enfim, as ações do terceiro grupo tendem a manipular a dignidade profissional da pessoa, por exemplo, como que para puni-la, não lhe é dado trabalho ou lhe dão trabalho sem sentido, ou humilhante, ou muito perigoso, ou, ainda, são estabelecidas metas de alcance duvidoso, levando a vítima a culpar-se e acreditar-se incapaz para o trabalho.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Prezados leitores,

Como todos sabem já escrevi um livro sobre o "Assédio Moral no Trabalho", porém, fico indignada com tantas ações relacionadas ao assunto. Gostaria de dizer que o assédio moral deve ser observado e muito, PORÉM, também devemos entender que a política interna de cada empresa não pode ser confundida com assédio moral. Muitas vezes, deixamos de analisar a cultura e tradição de algumas multinacionais e "embarcamos" no que posso chamar de "onda do momento". Isso mesmo, "onda do momento" porque está na moda uma empresa ser processada por qualquer motivo. Ninguém analisa se o empregado está deixando a desejar, se realmente está cumprindo corretamente com seu dever. É.... é fácil ir dizendo que tal empresa trata seus empregados de maneira agressiva, sem a mínima educação. Será que muitos empregados não provocam também essa situação!?????? Enfim.... sem conhecer os fatos, mas para que todos conheçam a primazia da realidade empresarial, vamos noa ater a essa leitura que extrai do O Estadão, de 08 de fevereiro de 2010.



Assédio moral assombra a LG
Greve no interior paulista mostra as dificuldades dos funcionários da empresa em conviver com o jeito coreano
Paula Pacheco

TAUBATÉ (SP)Por quase uma semana, os funcionários da coreana LG Eletronics de Taubaté ? em torno de 2,4 mil ? interromperam a produção de cerca de 300 mil unidades com o objetivo de brigar pelo cumprimento de um acordo de promoções e para protestar contra o assédio moral por parte de alguns executivos. A greve terminou na sexta-feira, depois de um acordo entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e a empresa, intermediado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP).O fim do assédio moral é um tipo de reivindicação comum nas pautas sindicais, mas o excesso de queixas, segundo o sindicato, mobilizou os funcionários. A empresa, segundo a entidade, se comprometeu a mudar suas práticas. Os trabalhadores falam de insultos, palavrões e maus tratos. Depois de um tapa nas costas e um rosário de insultos, Simone de Gouvêa Rosa, de 35 anos, recorreu à Justiça. Desde junho de 2007 briga por uma indenização. A acusação é de agressão moral e física. O acusado, diretor da área de celulares, é conhecido por todos como Mister Ahn. Em caso de condenação da empresa, o valor será determinado pelo juiz.Após um acordo, ficou acertado que, até a decisão do juiz, Simone continua vinculada à empresa. É funcionária, recebe o salário e demais benefícios, mas fica em casa. Não pode procurar emprego nem ter atividade remunerada. Depois de tanto tempo, ainda tem de conviver com as perguntas inconvenientes de quem quer saber por que levou um tapa do diretor coreano. Até o filho único, de 13 anos, é atormentado pela curiosidade dos colegas de escola.Simone entrou na LG em 2001. Acordava às 5 da manhã, ainda com o céu escuro, preparava o filho para a escola e chegava à fábrica às 7h15. O expediente terminava às 17h18. Parava10 minutos para o café da manhã, tinha pausa para o almoço e outra para o lanche da tarde. Mas, segundo ela, precisava pedir para ir ao banheiro ou tomar água. "Se ninguém estivesse livre para me substituir, tinha de segurar a vontade", diz. Seu trabalho era testar baterias e colar adesivos nos aparelhos.Em junho de 2007, quando a produção de monitores estava mais tranquila e a de celulares acelerada, alguns funcionários, entre eles Simone, foram recrutados para mudar de departamento por uma semana. O grupo teve de aguardar em uma sala para receber mais instruções para a hora extra que faria. Ela conversava com Adriano Calais, então integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), para ter detalhes sobre como seria a Participação de Lucros e Resultados (PLR). Mr. Ahn, segundo ela, entrou na sala, deu um tapa estalado nas costas dela e gritou em coreano. Abalada, a funcionária diz que passou por um psiquiatra e uma psicóloga e teve de tratar da depressão com muitos remédios. "Tomava calmantes, não conseguia dormir. Naquela época não conseguia sair de casa, nem tirava o pijama, ficava enfiada no quarto o dia inteiro à base de antidepressivos."Ainda hoje Simone se desestabiliza ao lembrar do caso. Chora e diz ter pesadelos. "Ele olhava nos meus olhos, gritava comigo, gesticulava muito. Fiquei paralisada, me senti assustada e não consegui reagir", diz.O marido fez o possível para ajudar na recuperação. Numa saída para jantar, ela simplesmente travou ao passar pela porta do restaurante e ver uma mesa cheia de coreanos da LG, entre eles Mister Ahn. Desgastada, Simone espera encerrar o processo e, pouco a pouco, "voltar à rotina, arranjar outro emprego, ter a minha independência novamente e uma vida social".PALAVRÃOJoão, nome fictício, é funcionário da LG há nove anos. Relata que a relação com os chefes coreanos é difícil. Ele diz que uma das primeiras coisas que os novatos costumam fazer, até por instinto de defesa, é aprender palavrões em coreano para tentar acompanhar o que os executivos dizem nas rodinhas de conversa.Em março do ano passado, João ajudava o supervisor em outra linha de produção. Conta que Mister Ahn, aparentemente insatisfeito com a presença do funcionário, o xingou no idioma natal. "F.d.p.", teria dito. "Respondi que sabia o que ele estava falando e disse "é a sua mãe", pronto para bater nele. Chorei de raiva. Pensei na minha mãe que me colocou no mundo. Ela é o quê, uma vadia?"João foi ao ambulatório da empresa, tomou um calmante e pediu providências. Mister Ahn teve de pedir desculpas formais. Ele tentou entrar com uma ação na Justiça, mas teve de interromper o processo por falta de testemunhas. "Será que ele é bipolar? Na semana passada dizem que ele jogou um notebook no chão num momento de fúria." A empresa nega. A LG informou, em nota, não existir uma cultura dominante na empresa: "O objetivo é fazer com que a cultura local e a coreana se integrem, transformando a forma de trabalhar, conviver e interagir em um misto das duas culturas, na qual o que prevalece é o melhor de cada uma."Dos cinco mil funcionários no País, 64 são coreanos, espalhados por Taubaté, Manaus e o escritório de São Paulo. Sobre a acusação de assédio moral, a LG diz que as queixas podem ser feitas à matriz. "Caso seja apurada uma infração, as providências são imediatamente tomadas pela matriz, que acionará os responsáveis no País", explica a nota.Para Roberto, outro nome fictício, a cultura coreana é muito diferente da nossa. "Para eles, é normal chamar a atenção de um funcionário na frente dos outros ou simplesmente não falar com os subordinados. Mas não é assim que agimos", ressalva. Ele também viu cenas inusitadas na LG. A máquina que fechava as caixas de monitores estava com um defeito e não fazia o lacre corretamente. Um diretor coreano chamou a equipe para uma reunião e arremessou uma caixa com o monitor no chão. "Tranquilo, ele saiu para fumar com os outros coreanos como se nada tivesse acontecido", afirma.Para Roberto, estar na LG é um "desgaste psicológico". Se pudesse, mudaria de emprego. "Quando fui admitido, imaginava que seria o lugar do futuro. Afinal, lá se faz tecnologia."

Impasse Iraniano

Como sempre, acho interessante o que esse autor (Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues) escreve, por isso, resolvi homenageá-lo no meu blog. A todos uma ótima leitura!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Síntese do distorcido “impasse iraniano” - 11/2/2010Antes de mais nada, uma explicação: nada tenho, genericamente, contra “judeus”, sejam eles encarados como “raça” ou religião. Pelo contrário. Em escolas, como aluno, do ginásio à universidade, sempre senti uma natural afinidade intelectual com judeus, no geral bem humorados, valorizadores da cultura, afáveis e avessos à brutalidade. A humilhação, o sofrimento deles na Europa, vítimas de perseguições — e não só pelos nazistas — nunca me foi indiferente. Como tenho sobrenome de árvore, “Pinheiro’, e poderia se também “Carvalho” — se minha avó paterna não tivesse, com o casamento, adotado o sobrenome do marido —, cheguei a pensar, pela semelhança do temperamento, que talvez fosse descendente dos tais “cristãos novos”, que mudaram de religião só para escapar das perseguições religiosas.Essa simpatia, no entanto, não me impede, pelo contrário, me obriga a criticar a política exterior de Israel, nas últimas décadas, no que se refere ao povo palestino e seus “desdobramentos”, um deles o Irã. Sim, desdobramento. O rancor do Irã contra Israel e a própria existência do terrorismo islâmico nutrem-se, em grande parte, do tratamento que Israel vem dispensado aos palestinos, expulsos (pelos romanos não pelos palestinos) das terras que ocupavam há quase dois mil anos. Se a questão palestino-israelense já tivesse sido resolvida — pela ONU, parece não haver alternativa, ampliando e fortalecendo a jurisdição internacional — Ahmadinejad não estaria repetindo a bobagem, sempre lembrada pelos seus inimigos, de “Varrer Israel do mapa”. Frase tola, visando a captação de votos em eleições, porque todos sabem, inclusive ele mesmo, que não mais tem sentido, no mundo moderno, “arrasar” um país, qualquer país, seja ele fraco ou forte. E Israel é fortíssimo na área militar, diplomática e de inteligência (espionagem, na nomenclatura antiga). Além disso, sua dimensão populacional não se limita a Israel. Aproximadamente 6 milhões moram em Israel, mas igual número, vive nos Estados Unidos. Segundo dados da Wikipédia, a população judia, no mundo todo, varia entre 12 milhões e 14 milhões. Entre os países europeus, está na França, terra do Sarkozy, a maior concentração de judeus. Charles Proteus Steinmetz, um cientista judeu nascido na Alemanha mas que imigrou para os EUA — onde fez brilhante carreira na engenharia de eletricidade —, disse que “Haverá uma era de nações pequenas e independentes cuja primeira linha de defesa será o conhecimento”. Com isso profetizava a existência de Israel e sua preocupação com a chamada “inteligência”, a informação na área política, militar e até comercial. O Mossad, serviço secreto israelense, é provavelmente o mais eficiente do planeta. Israel dispõe, em comparação com os países árabes, de enorme superioridade em armas convencionais, as mais modernas, além de um “plus” atômico de dimensões desconhecidas pelo resto do mundo porque ninguém — nem mesmo a Agência Internacional de Energia Atômica — se atreve a investigar qual o arsenal nuclear de que dispõe o país, sem ser incomodado pelas nações ocidentais. É uma desigualdade de tratamento, até mesmo de curiosidade, que revolta os iranianos. Estes podem sempre perguntar: “Se os israelenses têm o direito de ter medo de ataques árabes, e por isso estão autorizados a possuir armas nucleares, por que nós, iranianos não temos o direito de ter medo dos israelenses, que já as tem?”O que o presidente iraniano precisa enfiar na sua cabeça teimosa é que se o “lema-choque”, varrer, pôde, anos atrás, lhe dar alguns milhões de votos, sua repetição, ou simples permanência, pode, hoje, significar a desgraça do país. A frase boba facilita, “autoriza”, um ataque contra suas instalações nucleares, tanto por israelenses quanto por forças internacionais comandadas pelos americanos. Há sinais, decepcionantes, de que Barack Obama, nesse item — espero estar enganado —, está fraquejando, incapaz de resistir a pressões do lobby israelense e de seu Secretário de Defesa, má-herança do governo W.Bush. Se bombardeado o Irã, sua população se unirá em apoio ao presidente, como é usual em todos os países. Teremos uma terceira guerra em curso, para felicidade da indústria bélica americana. Relembre-se que a indústria armamentista, em toda parte, só prospera em clima de guerra. A paz é sua penúria, sua falência, seu inferno. Em um mundo menos idiota a indústria armamentista não poderia, há muito, estar em mãos particulares, exceto no que se refere a armamento leve: revólveres, espingardas de caça e coisas assemelhadas.Ocorrendo um ataque contras as instalações nucleares persas, e inevitavelmente em áreas vizinhas, qual o benefício que isso trará ao Irã? Nenhum. Só mais atraso e destruição. Em tudo, não só no desenvolvimento do conhecimento atômico. A energia nuclear, cedo ou tarde, será necessária ao Irã, que não dispõe de hidrelétricas suficientes. Será que o atual presidente não entende que a manutenção da frase tola só fornece argumentos e pretextos para Israel manter-se como força máxima, e em expansão, no Oriente Médio? Sob tal aspecto, seria útil, para o Irã, livrar-se de Ahmadinejad, assim como seria útil para Israel livrar-se de Benjamin Netanyahu e seu atual Ministro do Exterior, que um dia serão julgados pela História. Os “líderes”, quase sempre, é que desgraçam seus respectivos povos. Mesmo nas democracias. Isso porque a preocupação máxima deles é agradar “as massas”, que pouco se interessam, nem têm tempo para ler a enxurrada de notícias e análises conduzidas conforme o interesse de editores de jornais, revistas e televisões.A respeito, especificamente, da possibilidade de uma série de “sanções duras’ — bombardeios contra as instalações nucleares iranianas? — analisemos o falso “perigo imediato” de que o Irã faça logo bombas atômicas e que as arremesse contra Israel.O que será dito em seguida são informes colhidos em “O Estado de S. Paulo”, jornal que jamais poderá ser acusado de nutrir qualquer simpatia pelo Irã. Diz o referido jornal, no dia 8-2-10, pág. A8: “O material radioativo iraniano é enriquecido entre 3% e 5%, taxa adequada para o uso civil. Ao ser processado novamente, este combustível pode chegar a 20% de enriquecimento — ideal para uso medicinal — ou até 90%, percentual requerido para a fabricação de uma arma atômica”. Um exagerado “pulo”, esse, de 5% para 90%. Em suma, o Irã ainda está muito longe de poder produzir bombas nucleares. Sua luta atual é conseguir chegar aos 20% de enriquecimento, bem distante dos 90%, necessários para produzir bombas. E na mesma notícia vem dito que os serviços de inteligência dos EUA e de países da Europa “calculam” — provavelmente exagerando — “que o Irã teria capacidade de produzir uma bomba nuclear dentro de menos de cinco anos”. Quando um notícia como essa diz “menos de cinco anos” pode o leitor estar certo que a previsão não é de um, dois ou três anos. É de quatro ou cinco, pelo menos. Portanto, a suposta “bomba iraniana” não é um assunto de importância tão imediata, que justifique bombardeios, agora, de qualquer país, desencadeando uma nova guerra.Os falsos argumentos para, de imediato, “punir” o Irã, incluem também o fato do Irã mostrar-se relutante quanto à proposta ocidental de que o país deve enviar seu combustível nuclear para ser beneficiado na França. A desconfiança iraniana, no caso, se justifica. Qual a garantia de que a França e os países ocidentais — passado algum tempo e fortemente influenciados pela diplomacia israelense — não resolvam “reter”, “pensando melhor”, o combustível nuclear iraniano, alegando tal ou qual fundamento ou pretexto? O Irã, nesse caso, ficaria privado de um material que é seu, dependendo de uma enorme, lenta e ineficaz burocracia jurídica para pleitear, na justiça internacional, a devolução do seu combustível. E é sabido que as decisões da justiça internacional não são cumpridas automaticamente. Se a França se negasse e entregar o combustível — que não lhe pertence —, após anos de disputa judicial, e fosse condenada por isso na Corte Internacional de Justiça, o assunto passaria para exame do Conselho de Segurança, onde imperam as decisões com motivação apenas política. Além do mais, a França já deixou expresso que “...sua estatal nuclear, Areva, não teria condições de entregar combustíveis ao Irã antes de dois anos, por conta de compromissos anteriores de fornecimento” (mesma fonte jornalística).Em suma, a França “enrola” nas suas propostas e contra-propostas. Diz o referido jornal, na edição de 10-2-10, pág. A12, que “Há cerca de um ano, Sarkozy declarou que havia duas opções: a bomba nuclear do Irã ou o bombardeio contra o Irã”. Em janeiro, o presidente francês alertou sobre a possibilidade de um ataque militar de Israel às instalações nucleares iranianas”. Sarkozy é filho de mãe judia, convertida ao catolicismo. Não é improvável que tal condição o incline para ver as coisas do modo bem parcial, em favor de Israel, que dispõe de arsenal nuclear — deixa isso sempre subentendido — ou finge ter, mas não permite gente de fora examinar.Nesse assunto — sanções contra o Irã — nossa política externa está no bom caminho. Talvez não no “politicamente correto internacionalmente”, mas sob o aspecto moral, muito mais importante, a longo prazo, que a subserviência aos interesses dos mais espertos.Na sua próxima viagem ao Oriente Médio o Presidente Lula será tremenda e sutilmente pressionado, pelo governo israelense, para aderir à quase unanimidade internacional que julga com extrema parcialidade — sem o menor pudor — um conflito capaz de desencadear guerra injusta contra uma nação relativamente fraca, o Irã. Esqueçam, por favor, a tola bravata do presidente iraniano. Pensem apenas no povo iraniano. O que o Irã pretende, no fundo, é criar um escudo que provoque algum respeito, ou mesmo medo, em um inimigo que se sabe poderoso e influente demais para ser contrariado em qualquer pretensão territorial. Se o medo for recíproco, há alguma esperança de acordo no conflito essencial, a questão palestina.Espera-se que o governo brasileiro, embora educado nas suas manifestações durante as visitas, diga, evasivamente, que “vai pensar” nas sugestões e depois decida com a boa consciência, embora com voto vencido na ONU. Se outros países, por patetice, ou submissão vergonhosa, quiserem autorizar os bombardeios — sem o mínimo acanhamento pela desigualdade de tratamento dos países —, que o sangue das vítimas iranianas manche outras consciências, que não as nossas.Resolva-se, com justiça, o conflito na Palestina — a decisão deve vir “de fora” — e inúmeros outros problemas estarão automaticamente resolvidos, ou quase isso.