terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Assédio Moral no Trabalho

I. - Assédio Moral – histórico e as diversas denominações


O assédio moral existe desde os primórdios da vida familiar e social. Isso é fato! Trata-se, como dizem muitos, de um terror psicológico, onde a pessoa pode adoecer física e mentalmente, chegando, algumas vezes, até a morte. Mesmo sendo tudo isso uma verdade, toda a humanidade sempre conviveu silenciosamente com esse fenômeno, e, por incrível que pareça, foi pouco discutido na antigüidade, até mesmo esquecido, impressionando por ser tão destruidor das relações sociais, principalmente no ambiente de trabalho, cujo teor será mostrado nesta obra.

O assédio moral é conhecido em todos os campos – familiar, escolar, entre amigos, colegas, em relacionamentos, enfim, sem exceção – e em todos os povos, obviamente cada qual com seus próprios juízos de valores (que deverá ser levado muitíssimo em consideração). Sua denominação varia de acordo com cada país, por exemplo: na Itália, Alemanha e países escandinavos, esse fenômeno é conhecido como “mobbing”; na Inglaterra e Estados Unidos, como “bullying”; nos países de língua espanhola é conhecido como “acoso moral ou psicológico”. Já para a língua portuguesa é o famoso assédio moral.

No ambiente de trabalho, tal fenômeno foi definido como a pior forma de estresse social, sendo que somente nos últimos 10 (dez) anos do século XX é que foi considerado como destruidor do ambiente de trabalho.

No início de 1984, Heinz Leymann publica o resultado de uma longa pesquisa pelo National Board of Occupational Safety and Health , in Stokolm, onde ficam caracterizadas as conseqüências do mobbing, sobretudo na esfera neuropsíquica, sobre a pessoa que é exposta a um comportamento humilhante no trabalho durante certo período de tempo, não importando se é por parte de colegas ou se é por parte dos superiores. Esse estudo teve maior destaque na Suécia, onde Leymann morou em meados dos anos cinqüenta, e evidencia que em um ano 3,5% dos trabalhadores, de uma população economicamente ativa de 4,4 milhões de pessoas sofreram perseguição moral por um período superior a 15 (quinze) meses. Só que àquela época para ser caracterizado o mobbing (ou assédio moral), era necessário que as humilhações se repetissem pelo menos uma vez na semana e tivessem a duração mínima de 06 (seis) meses. Isso foi chamado de psicoterror.

Leymann realmente foi o precursor do estudo sobre o assédio moral. Seus estudos não só se difundiram largamente na Europa, como também resultaram, sobretudo na Alemanha, na adoção de medidas de atendimento médico específico para as vítimas, tornando o sofrimento destas e os aspectos envolventes do fenômeno disciplina de estudo de nível universitário, como parte da cadeira de Psicologia do Trabalho. Na França, a Vitimologia existe desde 1994 e dá direito a diploma universitário (bem recente, diga-se de passagem!). Essa ciência tem como objetivo analisar as razões que levam um indivíduo a tornar-se vítima, os processos de vitimação, as conseqüências a que induzem e os direitos que podem pretender. Nos Estados Unidos, a Vitimologia, que, inicialmente era um ramo da Criminologia, hoje, é uma disciplina independente.

Mister se faz saber que foi a partir da difusão dos estudos de Leymann que começaram a aparecer as primeiras estatísticas sobre a violência psicológica no trabalho na Europa. Pesquisa realizada em 1998 demonstra que pelo menos 8,1% dos trabalhadores europeus empregados sofrem, no ambiente de trabalho, violência psicológica de vários tipos. Há aqui um destaque para a Grã-Bretanha, com 16,3% dos trabalhadores violentados psicologicamente. Em seguida, vem a Suécia, com 10,2%. A França com 9,9% e a Alemanha com 7,3%. Já a Itália contou apenas com 4,4%. Alguns acham que o fenômeno poderia estar mascarado em face de aspectos culturais. Os povos de origem latina, não se sabe o porquê, tendem a um maior conformismo diante da violência. Na Europa 12 (doze) milhões de indivíduos sofrem de assédio moral. A Resolução A-50283/2001 do Parlamento Europeu, aprovada em 20 de setembro de 2001, afirma que presumivelmente estes dados estejam subestimados.

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